As pessoas perguntam o que leva alguém a ser um legionário, abandonar sua pátria, seus entes queridos e outros não tão queridos assim, para servir em uma força de combate para a qual você é apenas um número descartável.
Poderia eu citar o salário, a cidadania européia (caso você sobreviva ao contrato) ou a aventura e emoção, afinal, são estas as mentiras que se conta a si mesmo quando se toma esta decisão. Os verdadeiros motivos para tal alistamento é um misto de sentimentos inarráveis, uma mistura de desejo da ausência de controle da própria vida, busca pelo fim de sua existência sem a necessidade de se auto prejudicar, punição própria aos seus erros e de outros que você escolhe carregar e a incansável procura pela perda dos sentimentos e pensamentos próprios.
Por ser uma força de combate amplamente aplicada no mundo inteiro, nos ambientes mais hostis e com baixas chances de sobrevivência, você estará ocupado demais tentando permanecer vivo para cumprir sua missão, e com isso seus piores fantasmas passarão como uma cumulonimbus passeia pelos céus.
O problema serão as noites em claro, pensando naqueles que ficaram pra trás, em sua vontade de vê-los novamente e em sua impotência perante tal desejo, tendo em vista o que representa a deserção da legião e, ao mesmo tempo, o fato de que os motivos que o levaram a deixar aquelas pessoas viverem suas vidas sem sua interferência ainda existem. Ícaro sempre sonhou com o sol enquanto aprisionado em Creta, mas quando finalmente se aproximou dele, perdeu suas asas, e é o que ocorrerá com você ao se aproximar de tais pessoas novamente.
Mas não se preocupe, isso não acontecerá, você agora é um número, e como diz a velha frase pirata, "homens mortos não contam histórias".
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